Saturday, July 31, 2004

Coisa curiosa aconteceu aqui em Salvador. Uma baleia encalhou e morreu aqui pertinho da casa do meu pai. 15 metros e 30 toneladas. Ela encalhou num dia e eu fui urubuservar no dia seguinte. Já tinham recolhido boa parte da coitada, mas o pedaço que restou ainda era imenso. O sangue continuava a tingir o mar de vermelho. Desconfio que o fedor (insuportável, dava pra sentir a vários metros de distância) me provocou uma tosse crônica, daquelas que a barriga dói. Os cigarros contribuiram um pouco, é claro, mas o principal foi o fedor da baleia. Como disse Nonato, eu devo ser alérgico a fedor de baleia morta.

Como era de se esperar, vários curiosos como eu observando a catástrofe. A tragédia sempre desperta atenção, e as dimensões do bicho amplificaram o fenômeno. Prejuízo para os quiosques, pois embora houvesse muita gente no local, ninguém em sã consciência pararia pra tomar uma cerveja com aquele fedor. Manchetes para os jornais, estudo para os biólogos e um espetáculo raro para os demais. Sem filas, sem ingressos e sem tristeza. Para um povo acostumado a ver mortes diariamente nos jornais, a morte de uma baleia nada representa.