Wednesday, March 30, 2005

Obrigado, Dona Chuva

A chuva cai. Não veio "como gotas em silêncio, tão furioso...". Não. Veio trazendo o gostoso som da Natureza, envolvendo os ruídos da cidade, que mesmo ao dormir (são 4:27), "barulha" alto. Veio num tom baixo, que foi aumentando sem pressa, sem necessidade de afirmação. Talvez tenha atingido seu auge neste exato momento, já que não ouço mais o barulho dos ar-condicionados que minha janela aberta facilita a entrada. Sim, está mais forte agora, dominou completamente os ruídos da cidade. Um trovão se faz ouvir.
Ouvir a chuva, não lembro de ter parado pra fazer isso. Agradável surpresa, a chuva me trouxe Tranquilidade. Talvez por suprimir os ruídos da cidade, por me permitir passar alguns ótimos minutos em silêncio, ouvindo-a. Por baixar o volume dos meus pensamentos. Por me fazer sentir o gosto, mesmo que por breves instantes, de uma serenidade plena, de uma mente vazia. Marteladas do desejo dissipadas.
Obrigado, Dona Chuva. Volte quando puder, de preferência quando eu estiver abrigado.

Sunday, March 06, 2005

Cultivo do Desapego

Não faz sentido baforar culpa se não parei de fumar
Não faz sentido erguer muros em torno da casa que habitarei por pouco tempo
E tudo é pouco tempo, se a vida é pouco tempo
O risco do assalto não tem o direito de impedir a liberdade, apesar de o fazer
O conforto da segurança pode resultar numa vida amarga
Com os sonhos trancados num cofre o qual se evita passar perto
No máximo projetados no cinema do devaneio

Preocupações com o futuro são necessárias, mas vão muito além do necessário
Tirando a cor do presente que a vida nos oferece
Se eu morrer amanhã não estarei pertinho do céu
Pois o peso do cofre selado continuará me prendendo ao chão

Idealismo ingênuo talvez... talvez a astúcia esteja agora
na fila dos aposentados, lamentando, além da pouca renda,
A perda das chaves do cofre, esquecidas pela sua esperteza