Lembro-me de uma versão para videogame do desenho Beavis and Butthead. Quando você ficava muito tempo sem movimentar o personagem, surgia um balão de pensamentos, daqueles de histórias em quadrinhos, completamente vazio. Uma imagem perfeita para “não ter nada na cabeça”. A principal maneira de evitar esse vazio mental, todos nós sabemos, é através de boas leituras.
A idéia é que, ao ler, estamos acompanhando o pensamento de outros. Se passamos a maior parte do tempo lendo, a menor parte do nosso tempo é dedicada a nossos próprios pensamentos. A conseqüência é que nossa mente fica habituada a papaguear pensamentos alheios, enquanto nossas idéias próprias são pouco produzidas, tendendo a desaparecer.
Uma questão interessante é: até onde nossas idéias são de fato “nossas”? Mesmo aquelas a que chegamos não por leituras, mas pelos “próprios méritos”. Existe o provérbio que afirma: “Do nada, nada sai”. Se tivéssemos acesso ao processo mental que levou àquela idéia original, veríamos que ela caiu do céu como um raio de inspiração, ou que foi fruto do trabalho mental, que lida com elementos preexistentes, saberes anteriormente adquiridos de algum modo, seja leitura, experiência, filmes, discos, conversas...? Ou será que ela irrompe desse subterrâneo a que não temos acesso direto, que é o nosso inconsciente?
Sobre a questão da originalidade, vale a pena conferir a tira do Arnaldo Branco.