Thursday, May 28, 2015

Le Soi et le Moi

S: Qu’est-ce qui te manque?
M: Par rapport à quoi?
S: Par rapport à ton bonheur.
M: Reconnaissance.
S: Comment tu veux être reconnu?
M: Comme un génie.
S: Tu l’es déjà.
M: Pas assez.
S: “Assez”, donc, serait quoi?
M: La postérité. 
S: Comme un génie? Tu peux le préciser?
M: Comme un génie de la littérature, de la philosophie et de l’éducation.
S: Tu l’es déjà, pour tes proches.
M: Pas assez.
S: Tu peux préciser “assez”, encore une fois?
M: Pour tout le monde.
S: Comme Dylan?
M: Oui, comme Dylan.
S: Est-ce que tu es disposé à en payer le prix?
M: Tu parles de quoi?
S: Tu te rends compte que Dylan ne peux pas sortir sans être suivi par une foule de paparazi?
M: …
S: Tu ne pourrais plus aller aux favelas, que aimes autant. Tu ne pourrais plus boire ta coca chez Madame Grinaura, avec tes potes.
M: C’est vrai.
S: Le prix de la reconnaissance que tu veux c’est ta liberté, que tu aimes autant.
     Alors, quelle des deux tu aimes le plus?
M: Je ne sais pas. Je dois réfléchir.

S: D’accord. Prends ton temps.

Sunday, May 10, 2015

Para Vovó Nina.

Querida Vovó Nina,

Já faz cerca de 15 anos que tu não está mais aqui. Eu tenho, agora, 30 anos. Metade da minha vida transcorreu sem te ver nem ouvir.

Mas, antes da tua partida, eu já te via muito pouco.

Eu lembro de ti, nessa época, me convidando, pelo telefone, a te visitar mais. Eu quase nunca ia.

Eu lembro de tu me perguntar o porquê de eu não te visitar com mais frequência. Eu lembro de você perguntar se a razão era você ser pobre, você morar no seu cantinho, em Jardim Brasil.

Eu lembro bem do seu cantinho. Eu ia muito lá, na minha primeiríssima infância. Quantos anos eu tinha? Três? Quatro? Não lembro. 

Eu lembro que, nesta época, eu só pensava em bolinhas de gude e em coletar pedras que eu achava serem preciosas, para formar uma mina de pedras preciosas parecida com a da ilustração do Manual do Escoteiro Mirim da Disney.

Quantos anos eu tinha, quando deixei de frequentar o teu cantinho? Também não lembro.

Eu lembro que, antes disso, quando eu ainda frequentava o teu cantinho, a gente lia, com frequência, a Bíblia. Você sentava no canto de um sofá, eu sentava no canto de um outro sofá. A gente formava um ângulo de 90 graus um com o outro.

Eu não lembro se a gente lia os mesmos trechos juntos, se a gente alternava, ou ambos. Eu lembro que eu focava muito mais no som do que no sentido, do qual eu entendia muito pouco. 

Mas eu percebia que, ao pronunciar bem todos os sons de todas as palavras, eu te deixava contente.

Eu deixei de ler a Bíblia quando deixei de frequentar o teu cantinho.

Hoje eu tive um dia difícil. Problemas sérios no trabalho, que me fizeram questionar não apenas a minha competência profissional, mas também a viabilidade dos meus sonhos.

O trânsito estava parado quando eu saí do trabalho. Eu entrei numa livraria para aguardar o Tempo melhorar o deslocamento.

Antes que eu me desse conta, eu estava lendo a Bíblia. Antes que eu me desse conta, eu estava lendo os Salmos e Provérbios.

Eu percebi que a leitura não apenas me acalmou, mas me propôs um caminho. Um caminho que viabiliza meus sonhos.

Ao chegar em casa, abri o livrinho de Salmos e Provérbios. Que eu sabia que tinha, mas que não me lembrava de ter aberto.

Ao abri-lo, talvez pela primeira vez, me deparei com a tua dedicatória. Ofertado a Bernardo, pela vovó Nina. Outubro de 1990.

Eu levei 25 anos para perceber o valor contido nos Salmos e Provérbios. Que você me deu de presente, no meu aniversário de seis anos.

Eu fiquei muito contente por ter, finalmente, achado e valorizado as pedras preciosas das minas do Rei Salomão.

Eu queria dividir esta alegria, tão tardia, contigo.

Eu espero que você possa, de alguma forma, ler este texto.

Ofertado à Vovó Nina. Pelo Bernardo. Abril de 2015.