Monday, January 28, 2008

Paródias da vida.

Seres competitivos como eu têm dificuldades em assimilar uma derrota. Minha expressão pode estar tranqüila como a de um monge budista, mas é pura fachada. Por dentro eu estou repassando raivosamente as falhas, e seus respectivos acertos perdidos, que ficarão congelados na minha mente por um período diretamente proporcional à minha sede de vitória. E se eu estou jogando, é pra ganhar, embora a gana varie de acordo com diversos fatores, como escrotice do adversário, pessoas para impressionar na platéia, ou derrotas acumuladas anteriormente. Eu só não jogo para ganhar quando sou ruim na disputa em questão. Afinal, é sempre bom conjugar expectativas com realidade.

Esse apego pela vitória me leva a só entrar em disputas onde tenho chances razoáveis. Maus perdedores não experimentam muito, preferem ficar em terreno conhecido, onde sabem para onde vai. E cada vez que eu deixo de tentar algo novo para não exibir a minha inabilidade, uma parte de mim fica com raiva. Há um pequeno aventureiro dentro de todos nós, mesmo que só ande com três seguranças num carro blindado por ruas vigiadas por câmeras. Esse pixote a quem nego o novo vai buscar sua satisfação por outras vias tortas, como um fã de jiló obrigado a comer aspargo. Corre pros velhos jogos, esses companheiros de amargor, com seus golpes de sorte e habilidade a parodiar certos aspectos da vida. Às vezes uma paródia da vida é tudo que precisamos.

Tuesday, January 22, 2008

A sabedoria da inércia introspectiva

Não saber aonde ir
Com que linhas traçar o caminho
Sem destino.
Porque metas são como estrelas-do-mar:
cada pedaço cortado gera uma nova
E a mente é viciada no jogo:
"O que fazer agora?"
Muitas relizações para um ego "satisfeito"...
Um corpo bem alimentado...
Confortos assegurados...
A certeza de uma vida bem vivida
na hora da morte.
Quando nos esforçamos para lembrar os momentos plenos
E esquecemos de como são poucos em relação ao todo
Por tudo isso, em alguns momentos,
reservo-me o direito de sair do jogo.
Elucidando a viciada pela ausência de sua dose
E tentando ir para de onde nada se sabe.

Friday, January 04, 2008

A busca por credibilidade

Paulo Coelho e um pessimo escritor, de acordo com muitas pessoas que jamais leram um livro dele. Nao gostar de Paulo Coelho e exibir senso critico apurado, e se colocar fora da ingenua massa consumidora de livros de auto-ajuda e discos do Jorge Vercilo. Pouco importa se o objeto do desgosto nao foi sequer tocado. Exibicoes nao precisam ser verdadeiras.

Nossas preferencias dizem muito sobre quem somos, ou queremos ser. E ninguem quer ser ingenuo - os fas declarados de Paulo Coelho ou ignoram ou nao se importam com o baixo valor literario atribuido ao antigo parceiro de Raul Seixas. Nao se preocupam em fazer parte da "elite intelectual", ou talvez se sintam parte justamente por ler o bruxo.

Avaliar arte com propriedade e uma tarefa para poucos - um grupo bem menor do que os que desgostam de Paulo Coelho. Claro que nao e preciso saber avaliar com propriedade para desgostar de uma obra. O problema e que muitos desgostam de Paulo Coelho para demonstrar que sabem diferenciar literatura boa da ruim, embora nao sejam capazes de explicar a distincao. Demonstracoes tambem nao precisam ser verdadeiras.

Quando adolescente, nao admitia que gostava de Oasis porque isso diminuiria minha credibilidade entre meus amigos grunge-metaleiros. Hoje ja nao me importo em dizer que sou fa. Paulo Coelho? Li apenas um livro, Veronika Decide Morrer, na mesma epoca em que ocultava meu apreco pelos irmaos Gallagher. Gostei muito. Mas nunca li mais nada dele, talvez por medo de gostar e ter que lidar com o desmonoramento da minha credibilidade intelectual. Em alguns aspectos, ainda tenho 14 anos.