Portanto, com a mesma certeza pela qual a pedra cai para a terra, o lobo faminto enterra suas presas na carne de sua vítima, alheio ao fato de que ele próprio é tanto o destruidor como o destruído." (Schopenhauer)
Aquele que luta com monstros deve acautelar-se, para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você." (Friedrich Wilhelm Nietzsche, "Além do Bem e do Mal.")
Certas frases causam arrepios à primeira leitura. Tinha por volta de 10 anos quando as li pela primeira vez, num livro de RPG chamado Vampiro: A Máscara, e são arrepios como esses que me fazem defender o jogo dos que tendem a reduzi-lo a vertentes mais mongolóides da nerdice. Fanáticos há em todo lugar, e não é difícil entender o fenômeno quando se entra em contato com a condensação de psicologia, mitologia e interpretação que o jogo proporciona, permeado de pérolas como as acima por todo o livro.
Jung (cujo nome li pela primeira vez adivinha onde?) defendia a idéia de que todos temos conosco uma sombra, que seria a parte de nós que nos causa desconforto. Ela é composta por conteúdos inconscientes, que nos levam a agir de modo diverso do que nosso ego entende como sendo razoável.
Em casos extremos, a sombra pode desencadear comportamentos violentos, contra pessoas queridas, por razões tolas. Daí a ênfase no pensamento de Jung em construir vias de acesso ao inconsciente, através de interpetações de sonhos ou outras formas de inferência, já que as gavetas que guardam taís conteúdos estão fora do alcance do nosso eu consciente.
Tais processos não eliminam a sombra. Mas compreendê-la, tornando-se ciente da suas causas e da dimensão dos estragos que pode causar, ajudar a lidar com ela de maneira mais saúdável. Ajudar a não sacrificar valores, sentimentos e relações por não conseguir resistir ao impulso da sombra de jogar tudo para o alto por um momento de ódio.
5 comments:
Gostei do seu texto. Está melhorando a cada novo post. Parabéns.
Às vezes me pego com umas idéias malucas... Como quando pensei que queria ser irmã siamesa de Mari quando ela estava morando longe. A saudade era tão grande a falta dela doía em mim e pensei por alguns minutos que era isso que devia ser, pois assim ela nunca sairia de perto, mas imagina só que doidera você viver literalmente grudado em alguém. E quando nossos momentos sombrios chegassem? E a fúria? E quando uma de nós precisasse de espaço, solidão, sossego? Não quero sei como seria se eu não pudesse correr para o outro lado :P
Já pensei também gente devia ter aula na escola para aprender a se conhecer melhor sei lá técnicas que te dessem a oportunidade de fazer isso, de aprender a nos observar, mas o que a gente vê por ai é todo mundo olhando pra vida do outro e esquecendo da sua... ou então todo mundo devia fazer analise desde a maternidade, isso talvez diminuísse o risco de a gente magoar as pessoas tão queridas por nós.
Não não acho que não... Aprender devagarzinho é uma delícia. Lógico que se você encontrar pelo caminho algumas figuras que te auxiliem nessa jornada é melhor ainda. A vida vai te dando um milhão de oportunidades de aprender e entender como se faz pra viver bem.
Acho que a vida é um quadro que a gente pinta e eu to aqui cheia de cores vibrantes pra continuar colorindo o meu... Mas só não posso esquecer de atentar aos sombreados da minha tela ;)
Alice
Eita Bernardo,
"certos textos tambèm causam arrepios á primeira leitura"... esse mexeu comigo. Forte...impactante mesmo... tà tudo bem?
besos,
"Buliricos"
às vezes, mais do que eu gostaria, me pego agindo de forma agressiva e gratuita. o remorso é imediato e dura um bocado. tento exercer meu auto-controle o máximo que posso, hoje em dia.
cheiro, berna.
"...Todos temos conosco uma sombra, que seria a parte de nós que nos causa desconforto."
Eu e essa sombra?? Melhores amigas, não por minha opção e sim por escolha dela... Tem algum segredinho para afasta-la as vezes??
Lela (Mirela Veloso)
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