Sunday, March 06, 2005

Cultivo do Desapego

Não faz sentido baforar culpa se não parei de fumar
Não faz sentido erguer muros em torno da casa que habitarei por pouco tempo
E tudo é pouco tempo, se a vida é pouco tempo
O risco do assalto não tem o direito de impedir a liberdade, apesar de o fazer
O conforto da segurança pode resultar numa vida amarga
Com os sonhos trancados num cofre o qual se evita passar perto
No máximo projetados no cinema do devaneio

Preocupações com o futuro são necessárias, mas vão muito além do necessário
Tirando a cor do presente que a vida nos oferece
Se eu morrer amanhã não estarei pertinho do céu
Pois o peso do cofre selado continuará me prendendo ao chão

Idealismo ingênuo talvez... talvez a astúcia esteja agora
na fila dos aposentados, lamentando, além da pouca renda,
A perda das chaves do cofre, esquecidas pela sua esperteza

4 comments:

D Mingus said...

Mermão... fuderoso. Pra mim o teu melhor poema disparado.

Anonymous said...

Cabra, gostei. Esse tem a ver comigo tb.

Silvio

Anonymous said...

My dear Berna....vi q vc sacou "o cultivo do desapego"! adorei o texto!!!mas não adianta florir com expressividade verbal,temos que tentar viver...meu irmão...executar a ação que muitos vêem inativa.
valeu.

Belar

Anonymous said...

Muito bom! Às vezes as pessoas perdem toda uma vida se preocupando com o que vão fazer no futuro, e acabam por não fazer nada...