Friday, January 04, 2008

A busca por credibilidade

Paulo Coelho e um pessimo escritor, de acordo com muitas pessoas que jamais leram um livro dele. Nao gostar de Paulo Coelho e exibir senso critico apurado, e se colocar fora da ingenua massa consumidora de livros de auto-ajuda e discos do Jorge Vercilo. Pouco importa se o objeto do desgosto nao foi sequer tocado. Exibicoes nao precisam ser verdadeiras.

Nossas preferencias dizem muito sobre quem somos, ou queremos ser. E ninguem quer ser ingenuo - os fas declarados de Paulo Coelho ou ignoram ou nao se importam com o baixo valor literario atribuido ao antigo parceiro de Raul Seixas. Nao se preocupam em fazer parte da "elite intelectual", ou talvez se sintam parte justamente por ler o bruxo.

Avaliar arte com propriedade e uma tarefa para poucos - um grupo bem menor do que os que desgostam de Paulo Coelho. Claro que nao e preciso saber avaliar com propriedade para desgostar de uma obra. O problema e que muitos desgostam de Paulo Coelho para demonstrar que sabem diferenciar literatura boa da ruim, embora nao sejam capazes de explicar a distincao. Demonstracoes tambem nao precisam ser verdadeiras.

Quando adolescente, nao admitia que gostava de Oasis porque isso diminuiria minha credibilidade entre meus amigos grunge-metaleiros. Hoje ja nao me importo em dizer que sou fa. Paulo Coelho? Li apenas um livro, Veronika Decide Morrer, na mesma epoca em que ocultava meu apreco pelos irmaos Gallagher. Gostei muito. Mas nunca li mais nada dele, talvez por medo de gostar e ter que lidar com o desmonoramento da minha credibilidade intelectual. Em alguns aspectos, ainda tenho 14 anos.

5 comments:

Anonymous said...

Eu li O Alquimista e achei legal. Mas me ficou uma sensação de que ele escreve para mulheres.
Com seu post, lembrei de minha professora de Literatura, que, falando da música "alienada" de Roberto Carlos ("e que tudo mais vá pro inferno"), comentou que às vezes sentimos necessidade de coisas assim, sem importância, mas que podem dar um pouco mais de graça à vida.
Acho que também é assim com a literatura que sabemos ser "ruim", mas que nos agrada, porque é divertido, porque trabalha arquétipos de sempre (como é o caso do Alquimista), ou por qualquer outro motivo.
Se quem lê viaja, o que é mais importante: beber cultura nos museus de Paris ou curtir uma boate em Londres?

Às vezes acho que escrevo besteira...

Abraço,

Silvio.

Anonymous said...

A propósito, vou continuar leitor assíduo, mas devo passar um tempinho sem escrever comentários.

Abraço,

Silvio.

Bernardo said...

Faz isso não Silvoca, que a julgar pelos últimos 2 posts, se você parar a queda nos comentários será de 100%! :P

Anonymous said...

Hahaha, então tá blz.

Simone Mendes said...

;)
hehehe