Wednesday, May 14, 2008

Idéia sem registro

Tinha uma idéia dentro daquela xícara de café
Uma idéia que piscava, dourada no fundo negro
Piscava tanto que não se revelava
Era preciso firmá-la, mas de que jeito?

Bebi o café e a idéia sumiu
Para reaparecer depois, por alguns instantes,
e sumir novamente.
Continuava a piscar
só que
mais lento
quase definindo
os contornos.

Na segunda xícara,
o piscar
alongou-se.
A idéia se espreguiçava na rede dos meus neurônios
irradiando dourado pelas sinapses desbotadas
e no momento em que eu ia tirar a foto
a idéia caiu
da rede.
Os rastros de dourado
se dissolveram
lentamente
na escuridão

Fiquei de câmera na mão, esperando o retorno da idéia
mas ela não voltou. Nem com mais xícaras.
Quando larguei a câmera, cansado de esperar
Senti um peteleco na orelha
E vi dela escorrerem
gotas de dourado.

Peguei o violão e dos meus dedos saíram melodias luminosas
mas quando quis gravá-las
elas voltaram
ao cinza habitual.

Desisti de registrar a idéia.
Apenas sigo seus rastros
quando ela inventa
de (des)aparecer
numa xícara de café.

2 comments:

Anonymous said...

Quinta-feira estávamos todos no Bar Central, e sua mãe e algumas loucas amigas em comum não paravam de me falar o quanto você era interessante... Até o endereço daqui me deram! hahahaha
Foi meio constrangedor, mas bem legal ver que de fato tuas idéias sao realmente muito interessantes!

Bernardo said...

hehehehe, essas corujices de mãe, se embaraçosas por um lado, por outro rendem bons frutos, como atrair leitoras para meu blog! :)