Recife, a rocha marítima, em inglês é reef, palavra também usada para os enroladinhos de camarão de Cabrobó, vendidos como joints para os turistas anglófilos nos coffee shops de Amsterdã, e conhecidos como coisinha, mulher de adão, coloseimas, a massa, presença (dentre outros) no estado de Lampião, que também quebra um galho na ausência de isqueiro. A quantidade de usuários na cidade causaria um infarto no Capitão Nascimento – faltariam viaturas e celas para enjaular todos os “financiadores dessa merda”.
De acordo com o anti-herói mais carismático do cinema nacional, ídolo da classe média apavorada², quem usa drogas acende os pavios de bomba da violência, ao dar dinheiro para bandidos. É um fato, mas qual a melhor maneira de lidar com ele? Matar ou prender traficantes e jogar os usuários na cadeia? Não existe time com mais peças de reposição do que o tráfico, e os usuários já mostraram que nem a possibilidade de ter a vida estragada por “férias numa colônia penal” retira deles o hábito.
A guerra contra as drogas é como soprar aquelas velinhas de aniversário que nunca se apagam. E a cada nova flama é derramado o sangue de culpados, suspeitos e inocentes. Enquanto isso, rios de dinheiro caem nas contas dos mega-traficantes de que fala Bnegão, pessoas que não têm seus lares invadidos por policiais do Bope.
A oposição à proibição das drogas não é exclusividade dos usuários. Políticos como Jeferson Péres e advogados como Evandro Lins e Silva concordam que a política atual é um desastre. Sua meta, a erradicação do consumo, é impossível de ser alcançada – sempre houve e sempre haverá pessoas propensas a usar drogas, que não abrem mão desse direito por uma lei que consideram ilegítima.
A legalização aparece como uma alternativa, mas encontra muita resistência. Alguns dizem que “viraria zona”, como se o atual nível de violência fosse um modelo de ordem desejável. Outros apontam para a possibilidade dos criminosos tirarem o prejuízo da não-venda das drogas em outras atividades, como seqüestros e assaltos. Fica parecendo que a proibição é uma maneira de manter a violência em “níveis toleráveis”, já que a maior parte das vítimas não ganha capas de revista, nem passeatas pela paz.
A marcha da maconha veio com o intuito de promover o debate sobre a questão. Há muita irreflexão sobre o assunto, que vai do “maconheiro tem que morrer” ao “vamos babilonizar o mundo”. É preciso dissipar toda essa fumaça que cerca o tema. É preciso sentar o dedo nessa porra de preconceitos.
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1: Expressão emprestada do músico e filosófo Domingos Sávio, infatigável defensor do verde.
2: Expressão emprestada do cartunista Arnaldo Branco, criador do Capitão Presença, que aparece na animação da Marcha da Maconha.
Essa reportagem mostra o uso da canabis na medicina popular. Os velhinhos comovem a quem assiste.
4 comments:
sóóóóóóóó!
Aplausos a Recife que conseguiu ao menos a liberdade, que obviamente seria um direito de todos, mas não é o que anda acontecendo em muitas cidades. Só espero que a Marcha pela Liberdade de Expressão também não seja vetada, visto que tudo pode acontecer por esses dias...A fumaça é densa, chega de preconceitos.
O texto ta ótimo e o tema eh um barato. Uma verdadeira reportagem, multimídia. Viva a web 2.0
Má rapaiz! Nem sabia de tal exitência do Blog... hehehe. Um cabra desinformado de tal avalanche de conhecimento. Vir a visitá-lo mediante o login de minha esposa torna a história mais estranha e hilária ainda. Bem, o que importa é que eu estava lá, e que me sai bem na primeira foto postada, de cabelo superamarelado, hahahahaha. Bons os sentimentos dos "Béckeres" que rolaram...
Espero ser fotografado de novo no próximo ano, e que mais pessoas se juntem num movimento que não mais retrocederá!!
A. Escobraaah!
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