Saturday, October 23, 2004

Da parlosidade

Desde que o homem desenvolveu a linguagem que a pala é um importante instrumento para a realização dos seus desejos. Entenda-se como pala qualquer ocorrência verbal que visa a obtenção dos desejos do parloso. Muitas vezes a pala está associada à mentira, mas nem sempre isso é verdade. De vez em quando a pala é uma verdade, contada de forma tal que leve o ouvinte a fazer ou pensar o que o parloso deseja.

Existem vários tipos de pala. A pala sedutora, também conhecida como "cascata", visa atrair o sexo oposto (ou o mesmo sexo, depende da opção do parloso). A pala financeira objetiva alguma vantagem com o dimdim, seja para pagar menos no ra-rá da conta do bar, conseguir dinheiro emprestado ou mesmo protelar o pagamento do empréstimo já concedido. Tem a pala fanfarrona, onde se desperta a crença nos ouvintes de qualidades ou posses inexistentes no parloso. Já a pala "instinto de liso" visa receber algo de valor desprezível. A pala "advocacia" tenta limpar a barra de um amigo, ou de qualquer um que pague, no caso dos que exercem a profissão. Como se pode ver, a quantidade de tipos de pala é proporcional à pluraridade dos desejos humanos.

O parloso de boa índole, o bom malandro, se vale das palas para benefício próprio, sem prejudicar os outros. Mas há também os parlosos mau-caráter, que usam a pala de forma nociva. Difamação, intrigas, calotes: nessas áreas o parloso canalha tem prazer especial em atuar. Mas não podemos nos esquecer que a pala é um instrumento. Da mesma forma que não faz sentido ser contra a faca por ter gente que a usa para matar em vez de cortar o bife, também é ilógico opor-se à pala pelos patifes que a usam de forma vil. Portanto, viva a pala proferida pelos bons parlosos!

9 comments:

Anonymous said...

Bernardo, nunca vi melhor elucidação sobre a pala. Este texto ampliou meu vocabulário e, mais do que isso, minha visão de mundo!
Viva a pala dos bons parlosos!

Silvio

Anonymous said...

Deeexa de tua pála ô mané!

Anonymous said...

Prefiro a sua poesia em homenagem ao dia das mãe ( ou foi da mulher ??) que vc fez com a minha maestral ajuda.

Anonymous said...

E como parloso que sou, aproveitando a data, desejo um bom aniversário ao autor desse ótimo texto!

Parabéns Bernardo!

Rafael Vasconcelos

D Mingus said...

Putz... esqueci de ligar pra te parabenizar (mas nem pense que é exclusividade sua, já que se num fosse minha irmã pra me lembrar, iria ter esquecido o aniversário do meu irmão - na mesma data do teu - do mesmo jeito)...

Pois bem, Sr. Parloso, pegue na minha e balance e tome meus parabéns :0)

Ahn... ia esquecendo de te dizer. Postei no meu blog aquele teu texto sobre a Outra Coisa (espero não ter problemas de direito autoral - hehehe).

Bernardo said...

Nenhuma Domingos, mas espero vc e Tina aqui no sábado, heim ? Ótima oportunidade pra vc provar o arrumadinho de Marlene...
Q direito autoral q nada, qto + o texto for divulgado, melhor.

Bernardo said...

Valeu, Rafael! :)

Anonymous said...

Parabéns Bernardo, vc escreve muito bem.

Ah, só queria lembrar um nome bonito pra pala: Poder de Barganha!

Bjo

Anonymous said...

intiresno muito, obrigado