Saturday, December 08, 2007

Os problemas da tranquilidade

Nao gosto de fazer as coisas com pressa. Nao vejo o sentido em elevar os niveis de estresse e nervosismo para terminar as tarefas uns poucos minutos antes. Alguns chamam isso de lerdeza. Eu chamo de tranquilidade, e tenho ao meu lado autoridades do calibre de Dorival Caymmi e Dalai Lama confirmando a sabedoria da minha atitude.

Pois bem, o que se faz num domingo de sol quando se esta ao lado do Vaticano? Ver o discurso do Papa, e claro. Chego na praca redonda, vejo aquela multidao e ouco aquela voz profunda, de todas as direcoes. Mas cade o diabo do Papa? Olho em todas as direcoes, mas nao encontro nem sinal da autoridade eclesiastica. Bom, daqui a pouco eu acho, o Papa vai surgir na minha frente como uma revelacao espiritual. Ouco o seu Bento agradecer aos falantes de lingua espanhola, portuguesa, as caravanas deliram, parece um show pop, mas sem a histeria das tietes.Finalmente eu noto que o povo no centro da praca esta olhando em uma direcao que nao e a do telao, onde aparecia as legendas do discurso. Vou ao centro, olho na mesma direcao do olhar do povo, e ei-lo! O Papa em toda a sua magnitude, percebida como um binoculo ao contrario, devido a grande distancia entre a praca e a janela papal. Sem problema, com a ajuda do zoom da camera, vou tirar a primeira foto de celebridade da minha viagem.

Foi ai que descobri porque os Paparazzi nao sao pessoas tranquilas, o mesmo valendo para fotografos jornalisticos. Saquei a camera, e nesse exato instante o papa encerrou o discurso! Enquanto eu tirava a camera da capa alguem retirava o tapete catolico da janela, de modo que quando tirei a foto, nao havia nenhum sinal da presenca do Papa, e ele estava ali 30 segundos antes.

Publico a foto sabendo que pessoas religiosas enxergam alem da capacidade do olho. Tente voltar a foto 30 segundos com o controle remoto espiritual, e voce tera uma nitida imagem do Papa, como eu tive. Acredite em mim, eu tenho credito na praca.


Bem-aventurados sao aqueles cuja fe nao depende dos olhos.

7 comments:

Luiz Felipe Botelho said...

Está mais do que na hora da gente exercitar o valor da palavra. Houve um tempo em que a palavra de um homem tinha muito valor. Essa idéia me parece bacana. Tantas modas voltam, que tal resgatar algo que nem moda é?

Não só acredito que viste o Bento como tenho a nítida sensação de que ele ainda está ali, acenando, nessa foto do post.

Anonymous said...

seu semblante me transmite uma paz interior profunda... é contagiante...

Anonymous said...

Bernardo,
você é um ótimo contador de histórias... é ruim héim!? sou mais àquela do pescador (de peixes, não de almas) lá na Noruega, ao menos, VC mostrou, comprovou... eu sou feito São Tomé... {já desliguei há muito tempo o controle remoto espiritual) e aí, meu véio, só acredito vendo...


"Bem-Aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus"
Mateus, capítulo 5, versículo 8.

Anonymous said...

claro que podemos imaginá-lo na janela. bem alto passando do parapeito(salto 15),peruca ruiva cacheada, lábios vermelhos carmim,cílios postiços,pankake(?),sorridente e entoando "se correr o bicho pega...se ficar o bicho come...menina eu sou é homi...menina eu sou é homi...menina eu sou é homi...e como sou.".lógico que em LATIN.

Luiz Felipe Botelho said...

Kkkkkkkkkkk!
Viajei no papa do Jr.
O bom da imaginação é que ela não tem limites e, se a gente não censurar, vai poder ver o papa do jeito que a gente quiser.

Anonymous said...

Eu gostava mais do João.

Silvio.

Luiz Felipe Botelho said...

Voltei porque fiquei cismado com aquele "vazio" na janela do Vaticano. Falando sério e francamente, hoje não sei o que pensar deste ou de qualquer papa. Não sei o que pensar da Igreja Católica ou de qualquer outra igreja. Eu também fui um dos que gostava daquela imagem paternal e iluminada do João Paulo II, nos anos 80, quando esteve pela primeira vez no Brasil. Depois essa imagem se distorceu na dificuldade da igreja de dar conta da imensidão que é o ser humano e de cumprir o papel dela de religar esse humano com o que este tem de divino e igualmente imenso.