Saturday, December 15, 2007

Versos Sobrios

Quanto alcool na procura pela musa!
Quanta gente descontente se nao usa
aditivos para a mente colorir.
Preto e branco e a vida desses tantos
So melhora na hora de se divertir

Quem cria desconfia que o talento
se solta com a escolta dum veneno
e gera obra onde sobra a tal magia;
Ruim e quando o encanto so se da
aos que vagam com a mesma bengala do artista

5 comments:

Luiz Felipe Botelho said...

É, poeta, a inspiração não precisa de qualquer intermediário, mas somente de uma autorização nossa, um mero - e as vezes tão inacreditável - aceite. "Aceito ser um criador. Aceito amar a minha arte, a minha obra". Quem precisa de intermediário para acessar a si mesmo? O segredo de certos vendedores está em nos convencer de que eles têm o que nós precisamos, mesmo quando não precisamos de nada.

Anonymous said...

Quando a intenção é falar bobagem, o álcool ajuda muito. Para tudo o mais, é mais eficiente estar sóbrio.

Notou a forte carga de preconceito da minha parte?

Abraço,

Silvio.

Bernardo said...

Silvoca, acho que quando o assunto e Alcool ou adjacencias, lhe falta conhecimento empirico. Tudo bem que nao e preciso meter a mao no fogo pra saber que ele queima, mas da mais envergadura moral pra falar... :P

A geracao beat fez grande uso de aditivos no seu labor literario. E a lista de musicos que tambem procuraram inspiracao nos estados alterados de consciencia tambem e incontavel. Grandes obras sairam dai.

Eu lembro de ter ouvido que Decartes era chegado num haxixe, mas acho que veio de um lombreiro metido a filosofo procurando autoridades validativas, mesmo que ficticias... :D

Anonymous said...

Deixando de fora o lado moral ou até mesmo de saúde, não há a mínima dúvida que algumas drogas abrem canais energéticos (ou chakras ou outro nome que couber) que nos levam a intensos processos criativos (porque re-organizam nossa percepção obrigando-nos a re-criar o sentido - muitas vezes aprisionado em palavras e pré-conceitos).

Quanto à esta prática - mais veementemente condenada por nossa sociedade quando o assunto é o lúdico - alguns costumam alegar ser o fruto do imediatismo contemporâneo, de queremos ser "recompensados" sem, no entanto, empreendermos o mínimo "esforço" para uma re-visão, re-organização (ou des-organização - às vezes necessária), re-impressão.

Pessoalmente sou contrário a essa idéia de que temos de enfrentar uma via-crucis para termos uma visão mística ou qualquer outro "estado alterado de consciência" (e pode acreditar que algumas figuras do "panteão católico"
passaram uma vida inteira tentando alcançar essa "graça" por vias de auto-sacrifício).

Se eu tenho consciência dos possíveis danos implicados no ato de consumir substâncias psicoativas; estou disposto a arcar com as consequências (os estigmas sociais por exemplo - talvez o principal vilão), e, ainda, consigo vivenciar satisfatoriamente esta experiência como um "atalho" para presenciar o ciclo de criação e destruição universal (renovação) que é a vida em sua forma mais pura e bela, então pergunto: por que não ?

Mas voltando ao post...
Existem "mortais" que conseguem transitar em seu subconsciente sem estarem "altos" e de lá extrair pérolas das mais profundas águas ? Claro que sim. Tem gente que consegue romper as barreiras criativas que o mundo nos coloca, sem ajudas "externas" desse tipo.

Entretanto, querer negar que existem outros tantos que às vezes necessitam apenas de uma mudança de perspectiva momentânea para enxergar "onde a mula empaca", é inocência ou até mesmo burrice.

A questão é que a droga por si só não transforma ninguém em um bom poeta, escritor, músico...
Existem casos e casos. Inclusive de gente que se perde nesse processo de busca - o rock n' roll tá aí lotando clínicas e mais clínicas de reabilitação com seus ídolos produzidos a granel.

Acho que muita gente viaja sem saber pra onde tá indo. Imagina chegar nesses países em que Bernado está, por exemplo, sem saber falar nenhuma língua estrangeira, sem saber localizar-se no tempo e espaço (se eles não existirem nesse lugar, nem se fala). Com algumas substâncias funciona um pouco assim também. Enquanto existirem pessoas dizendo "não vá! não vá!", quando você chega na tal "terra estranha" só vai conseguir pensar uma coisa quando aflorar o desconhecido:
- "é, acho que eu não deveria estar aqui".

É isso.

Bernardo said...

Eu so acho um crime que um comentario tao brilhante nao tenha assinatura... :D