Monday, November 15, 2004

Planta rara

Na estrada, cabelo ao vento, pedindo carona
Trazendo aos mais velhos lembranças de um tempo de sonhos
Na bolsa alguns motivos para gastar dinheiro com suborno
Que a ajudam a percorrer grandes distâncias, mesmo parada

Também carrega uma barraca para duas pessoas
Prefere acampar na praia, mas sempre viaja pro interior
Seus olhos claros combinam com a roupa que combina com a paisagem
Deixando os homens loucos para combinar algo com ela

Ciente do seu encanto, não se deixa envaidecer
E sua amistosa simplicidade a deixa ainda mais irresistível
No violão toca suas músicas preferidas
E mesmo as mulheres que a invejam adoram ouvi-la cantar

Mesmo conseguindo o que deseja facilmente
Pois ao seu canto de Ossanha nem Vinícius resistiria
Ela permanece loucamente sóbria, não desejando além da conta
Continua na sua busca, que não entende, mas sente

Adubando a vida de todos que encontra no seu caminho
Ela é planta rara, das que o sol tem especial carinho ao iluminar
Atualmente está contente por ter recuperado a liberdade
Perdida por um descuido, ao gastar a grana que precisaria para subornar

8 comments:

Anonymous said...

Seu Dr., Gostaria de dizer, neste humilde espaço que me foi cedido, que eu acho os teus textos da hora. Dá pra ver que tu tem uma veia literária. Augusto dos anjos num tá com nada, o poeta da vez é o Dr.!!



Gustavo

Anonymous said...

Caramba, esse eu num alcancei não...
Você escreveu pensando em alguém, especificamente?
Ou essa menina é uma metáfora?
Enfim, mais tarde eu leio de novo pra ver se capto.
Mas, cá pra nós, tu tem estilo

Anonymous said...

Não entendo muito (na verdade eu nao entendo nada) de poemas, mas gostei do que li.

Kenshin Br
Olha o blog: http://www.deixadissocara.blogger.com.br

Bernardo said...

respondendo ao anônimo: a menina é só uma idealização minha, mistura algumas características de meninas q conheço com outras q idealizo em meninas... :)

Rafael said...

Porra, Bernardo, "adubando" num rola! Mas o poema tá muito bom. Dava pra melhorar na escolha lexical, é certo... :-)

Bernardo said...

pq ñ rola, Rafael ? Pq lembra estrume ? Segundo Aurélio: Adubar. 6.fig. Preparar, enfeitar, adornar, ornar, ataviar.
Poderia ter escolhido outra, é verdade, mas já q a menina "é uma planta rara", pq o q ela faz com as pessoas ñ pode ser "adubar" ? :)
Abraço!

Alexandre said...

Esse Aurélio é louco, adubar != enfeitar, adornar...

Achei legal. Realmente destoou um pouco, ficou tipo uma farpa no meio da tábua, mas isso foi positivo, acabou injetando mais vida, chamando atenção; e não comprometeu porque, uma vez afastado o estrume, a idéia é extremamente precisa. Adubar conota um 'embutir energia vital' ou 'dar forças pro desabrochar' que ficam perfeitos.

Bernardo said...

Pelo menos minha intenção foi essa, Alexandre. Mas um poema sempre tá aberto a interpretações, né ? Cada um que escolha entre o "cheiro fétido" ou o o "fazer desabrochar"... :)